segunda-feira, 12 de maio de 2008

Introdução

A Vereda é um tipo de vegetação com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti) emergente, em meio a agrupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas. As Veredas são circundadas por campos típicos, geralmente úmidos, e os buritis não formam dossel (cobertura contínua formada pela copa das árvores) como ocorre no Buritizal. A literatura indica três zonas ligadas à topografia e à drenagem do solo: ‘borda’ (local de solo mais seco, em trecho campestre onde podem ocorrer arvoretas isoladas); ‘meio’ (solo medianamente úmido, tipicamente campestre); e ‘fundo’ (solo saturado com água, brejoso, onde ocorrem os buritis, muitos arbustos e arvoretas adensadas). Estas zonas têm flora diferenciada. As duas primeiras zonas correspondem à faixa tipicamente campestre e o ‘fundo’ corresponde ao bosque sempre-verde, caracterizado assim pela literatura. Em conjunto essas zonas definem uma savana.

Principais Características

Na Vereda os buritis adultos possuem altura média de 12 a 15 metros e a cobertura varia de 5% a 10%. Assim como no ‘Parque de Cerrado’, esta cobertura refere-se a um trecho com as três zonas da Vereda. Se consideradas somente a ‘borda’ e o ‘meio’, a cobertura arbórea pode ser próxima de 0%. Se considerado o ‘fundo’, a cobertura sobe para porcentagens acima de 50% em alguns trechos, com uma vegetação densa de arbustos e arvoretas, efetivamente impenetrável em muitos locais.

As Veredas ocorrem em solos argilosos e mal drenados, com alto índice de saturação durante a maior parte do ano. Geralmente ocupam os vales pouco íngremes ou áreas planas, acompanhando linhas de drenagem mal definidas, quase sempre sem murundus (microrrelevo, em forma de montículo, típico de algumas formações vegetais do Cerrado). Também são comuns numa posição intermediária do terreno, próximas às nascentes (olhos d’água), ou nas bordas das cabeceiras de Matas de Galeria.

A ocorrência da Vereda condiciona-se ao afloramento do reservatório subterrâneo de água (lençol freático), decorrente de camadas de permeabilidade diferentes em áreas de deposição de sedimentos do período Cretáceo (período geológico que se estendeu entre 141 milhões e 65 milhões de anos antes do período presente) e Triássico (período que está compreendido entre 251 milhões e 199 milhões e 600 mil anos atrás, aproximadamente). As veredas exercem papel fundamental na distribuição dos rios e seus afluentes, na manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a fauna de aves, atuando como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de reprodução para a fauna terrestre e aquática. Apesar desta importância, as Veredas têm sido progressivamente pressionadas em várias localidades do bioma Cerrado, devido às ações agrícolas e pastoris. Além disso, têm sido descaracterizadas pela construção de pequenas barragens e açudes, por estradas, pela agricultura, pela pecuária e até mesmo por queimadas excessivas. O simples pisoteio do gado pode causar processos erosivos e compactação do solo, que afetam a taxa de infiltração de água que vai alimentar os reservatórios subterrâneos.

Espécies mais freqüentes

Quanto a flora, as famílias encontradas com muita freqüência nas áreas campestres da Vereda são Poaceae (Gramineae), destacando-se os gêneros Andropogon, Axonopus, Aristida, Panicum, Paspalum, Schizachyrium e Trachypogon; Asteraceae (Baccharis, Eupatorium e Vernoniasensu lato); Cyperaceae (Bulbostylis, Cyperus e Rhynchospora); Melastomataceae (Miconia, Microlicia e Tibouchina); Fabaceae (Desmodium e Stylosanthes); e Eriocaulaceae (Eriocaulon, Paepalanthus e Syngonanthus). Além desses táxons também são ricos os gêneros Chamaecrista, Echinodorus, Habenaria, Hyptis, Ludwigia, Lycopodiella, Mimosa, Polygala, Utricularia e Xyris.

O ambiente propício para o estabelecimento dos buritis é o fundo da Vereda. Nesta zona, são mais freqüentes as seguintes espécies: Calophyllum brasiliense (landim), Cecropia pachystachya (embaúba), Euplassa inaequalis (fruta-de-morcego), Guarea macrophylla (marinheiro), Hedyosmum brasiliense (chá-de-soldado), Ilex affinis (congonha), Leandra spp., Miconia theaezans (quaresma) e Myrsine spp. Em estádios mais avançados de formação de Mata, podem ser encontradas árvores como Richeria grandis (jaca-brava), Symplocos nitens (congonha), Talauma ovata (pinha-do-brejo), Unonopsis lindmanii (embira-preta) e Virola sebifera (virola), dentre outras espécies que caracterizam a Mata de Galeria Inundável.

3 comentários:

Marco Caçador disse...

Olá amigo,

Como posso baixar os mapas geológico geomorfológico e hidrográfico de pirenópolis?

Grato pela atenção.

Marco

Unknown disse...

Olá Rafael!

Nossa quanto informação interessante!
Meu nome é Angelita Faleiro, sou escritora e estou escrevendo sobre o cerrado e suas particularidades, posso colocar estas informações contidas no teu blog? É claro que citarei teu nome e o blog. Também tenho um blog sobre nosso folclore, chama-se Desbravando nosso folclore. Vou ter enorme prazer em receber tua visita. O endereço é: desbravandonossofolclore.blogspot.com.br
Por favor, me responda o mais rápido que puder, preciso terminar minha pesquisa o mais rápido possivel...
Agradeço desde já sua atenção e colaboração!
Um grande abraço!

Angelita Faleiro

DirceRibeiroGeovida disse...

Nossa quanto erro ainda de conceituação de vereda . A vereda nunca foi um Tipo de formação vegetal do Cerrado. A vereda é um vale, esculpido pela perda de argilas e de dissolução química, ao lOngo de fraturas nos arenitos Cretáceos , que nem sempre tem rochas mais impermeáveis na base. Nesses vales a concentração de água devido á pouca inclinação do terreno, deu lugar a solos hidromorficos, que permitiram a produção biológica de buritis e de um campo herbáceo, nunca em aupamentos ,mas sim bem denSa cobertura desDe a zona encharcada do fundo do vale até a zona da borda ou do envoltório onde os solos são sazonalmente encharcados e que não deixam que nem o cerrado e nem os arbustos avancem sobre a vereda intacta ou preservada.
FAVoR LER A TESE DE DOUTORADO DE dirce RIBEIRO DE MELO ,NOS SITe DO MEC, CHAMADO O DOMINIO PUBLICO ,DESDE 2009, ORGÃOS DO GOVERNO cOMo O IBGE ,o IEF E A EMBRAPA NÃO TEM SEMPRE AS ATUALIZAÇÕES CIENTÍFICAS QUE AS UNIVERSIDADES FEDERAIS DEVERIAM TER.